segunda-feira, 7 de julho de 2014

Amorzinho.

Rede de fast food // Rio de Janeiro // Domingo // 21h

Cidadão grisalho, camiseta azul de manga curta e botão, os dois primeiros abertos. Ar tedioso, deve sentir raiva da família e das idas à loja de hambúrguer no domingo à noite. A filha, uns 10 anos, cabelos amarelos encaracolados, esperava o lanche ao lado dele, no balcão. Eles não mantinham contato ou interagiam. Depois de alguns poucos minutos, a atendente trouxe a oferta com brinquedo para a menina, que saiu saltitando e deixou o pai esperando o restante do pedido que, enfim, chegou.

Após conferir o interior do pacote, chamou a atendente com um grito, impregnado do mais forte sotaque carioca:
- Ô amorzinho, me vê guardanapo.

A funcionária fez que ia com as mãos, enquanto perturbava-se com o meu pedido.

O sujeito, impaciente, insistiu:
- Amorzinho, cadê o guardanapo?

Com um suspiro do mais puro ódio, ela interrompeu momentaneamente a tarefa em curso e trouxe-lhe os papeis. Ao entregar, voltou o rosto pela primeira vez para cima e encarou-o nos olhos, enquanto estendia a mão.
- Aqui. E eu não sou seu amorzinho.

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